Depois de alguns anos
longe desse blog, que tão boas lembranças me traz, decidi me dedicar a ele
novamente. Não só por ver que a música sul-mato-grossense necessita de
valorização, isso já é dito há um bom tempo, mas por ter ocorrido na última
terça-feira (22 de maio de 2012) uma reunião de ícones, ídolos, vozes, sons que
são parte da nossa história, e naquela noite deram aos presentes no Teatro
Glauce Rocha o privilégio de serem transportados através do tempo e retornar a
1982.
Para os que ainda não eram
nascidos, como eu, ou ainda não pertenciam à realidade musical da época em
Campo Grande e não estiveram presentes no Projeto Prata da Casa, em 1982, houve
uma segunda chance com gravação das mesmas músicas e até com os mesmos
intérpretes, além da inclusão de outras canções e artistas. O show foi gravado
e se tornará muito em breve em CD e DVD.
Tudo conspirava para que
aquela noite fosse definitivamente inesquecível. Inspirado na capa do LP Prata
da Casa, o palco foi decorado com pássaros, não tinha como não se lembrar do
antigo projeto.
A apresentação coube a
Ciro de Oliveira e sua voz inconfundível, outro personagem importante de nossa
história musical, apesar de, como ele mesmo disse, sem compor ou tocar qualquer
instrumento, muito contribuiu e contribui para que a luta por uma música de
qualidade jamais esmoreça.
Os trabalhos começaram com
apresentação do professor doutor em Música, Marcelo Fernandes, tocando músicas
como Mercedita e a bela música de Pixinguinha, Rosa.
Quando um grupo trajado de
branco entrava no palco ainda com luzes apagadas, não havia dúvidas de que o
Grupo Acaba estava para levar o público às lágrimas como de fato ocorreu.
Cantando Pássaro Branco, o Teatro Glauce Rocha foi embalado por arranjos e
vozes afinadas, únicos desse grupo, que nos faz lembrar do nosso Pantanal e seu
ecossistema tantas vezes renegados pelo “progresso”!
Em seguida foram
homenageados a querida professora Maria da Glória Sá Rosa e o cineasta Cândido
Alberto Fonseca, ambos responsáveis por produções importantíssimas da cultura
do nosso Estado, aquela com o livro “Música de Mato Grosso do Sul” (escrito em
parceria com Idara Duncan), este com o documentário “Velhos Amigos”, além de
sempre presente na campanha recente da classe artística “1% para a Cultura”.
A festa seguiu carregada
de emoção de uma relação de 30 anos. Não eram só músicos, nem canções, eram
pessoas no palco e na plateia que dividiam as mesmas lembranças. Bastava fechar
os olhos para ouvir em uníssono cada verso de cada música, na ponta da língua
de todos.
Celito Espíndola apresentou-se com Coração
Solitário, dando um
novo arranjo à música composta por ele há tanto tempo.
Presente no Prata da
Casa, José Boaventura foi muito bem homenageado pelo trio Hermanos Irmãos,
composto por Marcio de Camillo, Jerry Espíndola e Rodrigo Teixeira, e ainda
contaram com a participação especial de Rodrigo Sater. Eles interpretaram a
canção Violeiros, novamente, não foi possível conter as lágrimas.
Lenilde Ramos animou a
plateia com sua sanfona. Carlos Colman esquentou o teatro em uma apresentação
vibrante com a música Coração Ventania.
Foi a vez então de incluir no set list do show uma
música tão conhecida por nós e que não foi contemplada no Prata da Casa de 82,
era a hora e a vez de Geraldo Roca colocar seu vozeirão para fora e tomar o
Glauce Rocha com Mochileira. Com voz, violão e o arranjo de Alex Cavalheri, o
corpo que Mochileira tomou foi belíssimo e nunca visto antes. Na sequência Alzira Espíndola,
interpretou a música Mulher o suficiente, incluindo mais uma música no novo projeto.
A cada apresentação dos nossos
pratas da casa podia-se perceber energias emanadas de todos os presentes,
energias boas, de quem está em êxtase. Guilherme Rondon, Geraldo Espíndola e
Paulo Simões, formam uma trinca de amigos e compositores, que um em seguida do
outro arrancaram do público um suspiro de felicidade com Horizontes, Quyquyho e Sonhos Guaranis, respectivamente.
Foi
então que nossa voz mais conhecida e inigualável tomou conta do palco, cantando
Vida Cigana,
Tetê Espíndola soltou a voz e entregou aos nossos ouvidos seu dom de cantar!
Para os que conheciam as
músicas que faziam parte do LP Prata da Casa, já se sabia que o fim se
aproximava, mas faltava um para se apresentar, e “um” de peso, “um” de orgulho,
“um” tal de Almir Sater. Com sua banda completa, Almir entrou acompanhado por
Antonio Porto, Gisele e Rodrigo Sater, Guilherme Cruz, Marcellus Anderson e
Papete.
Cantando nosso hino
composto por Paulo Simões e Geraldo Roca, Trem do Pantanal, Almir fez o público
vibrar. Posteriormente, acompanhado por Geraldo Espíndola, tocou É
necessário, que
segundo ele é uma das canções mais amorosas já ouvida.
A última música não
podia ser cantada senão por todos os que fizeram essa noite possível. Almir
convidou todos os músicos que ainda estavam presentes para cantar Velhos
Amigos, nada mais
propício para a ocasião.
E assim chegava ao fim o
evento mais recente e marcante da nossa história sul-mato-grossense, nosso
orgulho, nossa riqueza, nosso PRATA DA CASA.
VELHOS AMIGOS
Velhos amigos
Quando se encontram
Trocam notícias e recordações
Bebem cerveja
No bar de costume
E cantam em voz rouca
Antigas canções
Os velhos amigos
Quase nunca se perdem
Se guardam para certas ocasiões
Velhos amigos
Só rejuvenescem
Lembrando loucuras de outros verões
E brindam alegres
Seus vivos e mortos
E acabam a noite
Com novas canções
Conhecem o perigo
Mas fazem de conta
Que o tempo não ronda
Mais seus corações.
A banda de base ao longo do show foi composta por Adriano Magoo, Marcelo Ribeiro, Sandro Moreno e Romário, também fizeram participações João Bosco, Fabio Terra e Alexander Cavalheri.
Para ver e ouvir como foi o Prata da Casa de 82 você pode acessar o link do canal MatulaTV no youtube: