segunda-feira, 28 de maio de 2012

Projeto Músicas e Sons 2012 - Prata da Casa 1982


Depois de alguns anos longe desse blog, que tão boas lembranças me traz, decidi me dedicar a ele novamente. Não só por ver que a música sul-mato-grossense necessita de valorização, isso já é dito há um bom tempo, mas por ter ocorrido na última terça-feira (22 de maio de 2012) uma reunião de ícones, ídolos, vozes, sons que são parte da nossa história, e naquela noite deram aos presentes no Teatro Glauce Rocha o privilégio de serem transportados através do tempo e retornar a 1982.
Para os que ainda não eram nascidos, como eu, ou ainda não pertenciam à realidade musical da época em Campo Grande e não estiveram presentes no Projeto Prata da Casa, em 1982, houve uma segunda chance com gravação das mesmas músicas e até com os mesmos intérpretes, além da inclusão de outras canções e artistas. O show foi gravado e se tornará muito em breve em CD e DVD.
Tudo conspirava para que aquela noite fosse definitivamente inesquecível. Inspirado na capa do LP Prata da Casa, o palco foi decorado com pássaros, não tinha como não se lembrar do antigo projeto.

A apresentação coube a Ciro de Oliveira e sua voz inconfundível, outro personagem importante de nossa história musical, apesar de, como ele mesmo disse, sem compor ou tocar qualquer instrumento, muito contribuiu e contribui para que a luta por uma música de qualidade jamais esmoreça.

Os trabalhos começaram com apresentação do professor doutor em Música, Marcelo Fernandes, tocando músicas como Mercedita e a bela música de Pixinguinha, Rosa.

Quando um grupo trajado de branco entrava no palco ainda com luzes apagadas, não havia dúvidas de que o Grupo Acaba estava para levar o público às lágrimas como de fato ocorreu. Cantando Pássaro Branco, o Teatro Glauce Rocha foi embalado por arranjos e vozes afinadas, únicos desse grupo, que nos faz lembrar do nosso Pantanal e seu ecossistema tantas vezes renegados pelo “progresso”!

Em seguida foram homenageados a querida professora Maria da Glória Sá Rosa e o cineasta Cândido Alberto Fonseca, ambos responsáveis por produções importantíssimas da cultura do nosso Estado, aquela com o livro “Música de Mato Grosso do Sul” (escrito em parceria com Idara Duncan), este com o documentário “Velhos Amigos”, além de sempre presente na campanha recente da classe artística “1% para a Cultura”.

A festa seguiu carregada de emoção de uma relação de 30 anos. Não eram só músicos, nem canções, eram pessoas no palco e na plateia que dividiam as mesmas lembranças. Bastava fechar os olhos para ouvir em uníssono cada verso de cada música, na ponta da língua de todos.

Cláudio Prates se apresentou com a música Carne Seca, seguido de Paulo Gê com Descuidado, João Fígar com Solidão.  Era nítida a felicidade, a alegria, a diversão, a nostalgia.

Celito Espíndola apresentou-se com Coração Solitário, dando um novo arranjo à música composta por ele há tanto tempo. 
Presente no Prata da Casa, José Boaventura foi muito bem homenageado pelo trio Hermanos Irmãos, composto por Marcio de Camillo, Jerry Espíndola e Rodrigo Teixeira, e ainda contaram com a participação especial de Rodrigo Sater. Eles interpretaram a canção Violeiros, novamente, não foi possível conter as lágrimas.















Lenilde Ramos animou a plateia com sua sanfona. Carlos Colman esquentou o teatro em uma apresentação vibrante com a música Coração Ventania. 


Foi a vez então de incluir no set list do show uma música tão conhecida por nós e que não foi contemplada no Prata da Casa de 82, era a hora e a vez de Geraldo Roca colocar seu vozeirão para fora e tomar o Glauce Rocha com Mochileira. Com voz, violão e o arranjo de Alex Cavalheri, o corpo que Mochileira tomou foi belíssimo e nunca visto antes. Na sequência Alzira Espíndola, interpretou a música Mulher o suficiente, incluindo mais uma música no novo projeto.



A cada apresentação dos nossos pratas da casa podia-se perceber energias emanadas de todos os presentes, energias boas, de quem está em êxtase. Guilherme Rondon, Geraldo Espíndola e Paulo Simões, formam uma trinca de amigos e compositores, que um em seguida do outro arrancaram do público um suspiro de felicidade com Horizontes, Quyquyho e Sonhos Guaranis, respectivamente. 


Foi então que nossa voz mais conhecida e inigualável tomou conta do palco, cantando Vida Cigana, Tetê Espíndola soltou a voz e entregou aos nossos ouvidos seu dom de cantar!


Para os que conheciam as músicas que faziam parte do LP Prata da Casa, já se sabia que o fim se aproximava, mas faltava um para se apresentar, e “um” de peso, “um” de orgulho, “um” tal de Almir Sater. Com sua banda completa, Almir entrou acompanhado por Antonio Porto, Gisele e Rodrigo Sater, Guilherme Cruz, Marcellus Anderson e Papete.


Cantando nosso hino composto por Paulo Simões e Geraldo Roca, Trem do Pantanal, Almir fez o público vibrar. Posteriormente, acompanhado por Geraldo Espíndola, tocou É necessário, que segundo ele é uma das canções mais amorosas já ouvida. 


A última música não podia ser cantada senão por todos os que fizeram essa noite possível. Almir convidou todos os músicos que ainda estavam presentes para cantar Velhos Amigos, nada mais propício para a ocasião.


E assim chegava ao fim o evento mais recente e marcante da nossa história sul-mato-grossense, nosso orgulho, nossa riqueza, nosso PRATA DA CASA.

VELHOS AMIGOS

Velhos amigos
Quando se encontram
Trocam notícias e recordações
Bebem cerveja
No bar de costume
E cantam em voz rouca
Antigas canções
Os velhos amigos
Quase nunca se perdem
Se guardam para certas ocasiões
Velhos amigos
Só rejuvenescem
Lembrando loucuras de outros verões
E brindam alegres
Seus vivos e mortos
E acabam a noite
Com novas canções
Conhecem o perigo
Mas fazem de conta
Que o tempo não ronda
Mais seus corações.

A banda de base ao longo do show foi composta por Adriano Magoo, Marcelo Ribeiro, Sandro Moreno e Romário, também fizeram participações João Bosco, Fabio Terra e Alexander Cavalheri.
Para ver e ouvir como foi o Prata da Casa de 82 você pode acessar o link do canal MatulaTV no youtube: